Demontier Tenório
“Tuquinha” durante entrevista ao repórter Normando Sóracles no último dia 29 de abril (Foto: Normando Sóracles/Agência Miséria)
O modo é que não foi correto, pois os R$ 4 mil chegados às mãos daqueles dois tiveram origem em furto praticado no interior de um veículo. O dono de uma Hilux se descuidou enquanto abastecia o carro e os garotos levaram seu dinheiro do porta-luvas. Para seguranças da central de vendas, àquelas crianças maltrapilhas faziam “estripulias” com tanto dinheiro no bolso que nem cabia direito. O caminho foi avisar à polícia e, desconfiada, a dupla confessou o furto.
Naquele dia, foi a primeira apreensão que seria uma série de outras por furtos, posse de armas brancas, uso de drogas e roubos quando o garoto tratava de se refugiar na Rua das Flores, 1767 (João Cabral), onde residiu até ontem. Esta madrugada, “Tuquinha” foi morto a tiros sem direito aos brinquedos, mas armas e drogas. Não teve o direito ainda de conhecer o pai que era seu sonho e reclamava não entender porque este o abandonou sem permitir que sentisse a mesma proteção e o calor paterno que seus coleguinhas sentiam.
A única entrevista que concedeu à Imprensa foi ao repórter Normando Sóracles no último dia 29 de abril quando chegava mais uma vez à delegacia e fez tais revelações. Inclusive a de que tinha consciência da vida difícil e perigosa que levava pelo submundo do crime. Por isso, costumava orar, como disse certa vez, pelo êxito nas ações criminais conseguindo o dinheiro para satisfazer o vício das drogas sem ter sofrido lesões corporais ou ser encontrado pela polícia.
Na entrevista, Tuquinha disse que não pretendia morrer sem, antes, conhecer o seu pai. Não deu!. Quando Normando lhe perguntou sobre o irmão Denílson – morto no último dia 30 de janeiro no bairro João Cabral – ele baixou a cabeça e deixou rolar uma lágrima no rosto. O garoto falou em saudades e acrescentou que se sentia rejeitado pelos colegas de classe quando pensava em voltar ao banco da escola. Por isso, nunca mais foi lá dizendo que àquilo o maltratava muito e o desejo de uma vida normal também não deu.
Fonte:Site Miseria
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