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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Juazeiro do Norte-CE: Um mês antes de ser morto “Tuquinha” concedeu sua única entrevista falando sobre a vida perigosa que levava

Demontier Tenório

“Tuquinha” durante entrevista ao repórter Normando Sóracles no último dia 29 de abril (Foto: Normando Sóracles/Agência Miséria)
No final da manhã do dia 2 de março de 2012 uma criança raquítica de apenas 11 anos de idade chegou endinheirada nas Lojas Americanas do Cariri Shopping Center comprando tudo que via pela frente. Cícero Gledson Bernardo da Silva era apelidado por “Tuquinha” e se fazia acompanhar de outro menor, o “Ratinho”, de apenas 10 anos. A opção estava nos brinquedos eletrônicos que encanta e se transforma num desejo infantil.

O modo é que não foi correto, pois os R$ 4 mil chegados às mãos daqueles dois tiveram origem em furto praticado no interior de um veículo. O dono de uma Hilux se descuidou enquanto abastecia o carro e os garotos levaram seu dinheiro do porta-luvas. Para seguranças da central de vendas, àquelas crianças maltrapilhas faziam “estripulias” com tanto dinheiro no bolso que nem cabia direito. O caminho foi avisar à polícia e, desconfiada, a dupla confessou o furto.

Naquele dia, foi a primeira apreensão que seria uma série de outras por furtos, posse de armas brancas, uso de drogas e roubos quando o garoto tratava de se refugiar na Rua das Flores, 1767 (João Cabral), onde residiu até ontem. Esta madrugada, “Tuquinha” foi morto a tiros sem direito aos brinquedos, mas armas e drogas. Não teve o direito ainda de conhecer o pai que era seu sonho e reclamava não entender porque este o abandonou sem permitir que sentisse a mesma proteção e o calor paterno que seus coleguinhas sentiam.

A única entrevista que concedeu à Imprensa foi ao repórter Normando Sóracles no último dia 29 de abril quando chegava mais uma vez à delegacia e fez tais revelações. Inclusive a de que tinha consciência da vida difícil e perigosa que levava pelo submundo do crime. Por isso, costumava orar, como disse certa vez, pelo êxito nas ações criminais conseguindo o dinheiro para satisfazer o vício das drogas sem ter sofrido lesões corporais ou ser encontrado pela polícia.

Na entrevista, Tuquinha disse que não pretendia morrer sem, antes, conhecer o seu pai. Não deu!. Quando Normando lhe perguntou sobre o irmão Denílson – morto no último dia 30 de janeiro no bairro João Cabral – ele baixou a cabeça e deixou rolar uma lágrima no rosto. O garoto falou em saudades e acrescentou que se sentia rejeitado pelos colegas de classe quando pensava em voltar ao banco da escola. Por isso, nunca mais foi lá dizendo que àquilo o maltratava muito e o desejo de uma vida normal também não deu.

Fonte:Site Miseria

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