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Foto: Reprodução |
O Ministério da Saúde
afirmou que "não há falta generalizada de vacinas no Brasil" e que
adota estratégias para manter a vacinação em dia e a proteção da população
Falhas no percurso das vacinas às cidades brasileiras têm
causado desabastecimento em salas de postos de saúde do Ceará. Um estudo da
Confederação Nacional de Municípios (CNM) ouviu 61 cidades cearenses, das
quais 48 confirmaram falta de pelo menos um imunizante.
A pesquisa foi aplicada
entre os dias 2 e 11 deste mês para “investigar a ocorrência de desabastecimento de
vacinas em setembro e descrever quais os imunizantes estão em falta”, como
justificou a CNM. Foram ouvidos 2.415 municípios brasileiros.
No Ceará, 8 a cada 10
municípios entrevistados (78,7%) citaram ausência de vacinas como influenza,
hepatite B, dengue e pneumocócica.
Em boletim mensal divulgado
no site, o Ministério da Saúde lista as vacinas com dificuldade de
reposição e aponta, entre outras justificativas, o atraso na entrega pelos
laboratórios como razão para a falta de repasses aos estados (veja
detalhes abaixo).
A vacina com ausência mais
citada no Ceará foi a da influenza, faltosa em 35 das cidades ouvidas pela
confederação. Em seguida, aparecem hepatite B, com desabastecimento em 33
municípios cearenses; dengue e dT (difteria e tétano), citadas por 24 cidades
cada.
De acordo com a CNM, “alguns
municípios brasileiros sinalizaram a falta de determinadas vacinas há mais de
30 dias, outros há mais de 90 dias”. O detalhamento sobre o cenário nas cidades
cearenses, porém, não está disponível.
No âmbito nordestino, o
Ceará teve a segunda maior parcela de cidades com vacinas faltosas,
ficando atrás apenas de Pernambuco, onde 72 municípios foram pesquisados e 58
confirmaram ausência de imunizantes – uma taxa de 80,6%.
Em nível nacional, o Estado
é o terceiro mais afetado pelo desabastecimento, atrás de Santa Catarina (83,7%
de municípios com falta de vacina) e de Pernambuco, e empatado com o Paraná
(78,7%).
Falhas ‘não prejudicaram
vacinação’
O abastecimento parcial das
vacinas “não prejudicou o andamento de nenhuma estratégia de vacinação no
Estado”, como garante Ana Karine Borges, coordenadora de Imunização da
Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
Segundo ela, “todos os
imunobiológicos, com exceção da varicela, tiveram desabastecimentos parciais
temporários”, mas as faltas foram manejadas com a substituição de
imunizantes ou utilização de doses do estoque estadual.
“Meningocócica C
substituímos pela ACWY, varicela substituímos pela tetraviral. As crianças e
adolescentes estão contempladas”, exemplifica Ana Karine.
A gestora explica que atrasos
no recebimento de lotes enviados pelo Ministério da Saúde são “comuns” na
logística de vacinação, e algumas vezes são causados por atraso na entrega dos
imunizantes pelos laboratórios.
“Ou algum lote passa por uma
análise da Anvisa, e isso acaba atrasando algum envio. Esse processo de
abastecimento parcial ou desabastecimento acontece em qualquer área logística,
principalmente quando são vacinas ofertadas por laboratórios internacionais”,
pondera.
A nível local, Ana Karine
pontua que a Sesa distribui vacinas mensalmente aos municípios, já prevendo a
estimativa populacional e a possível necessidade de “cotas extras” para
situações excepcionais.
“O Ceará não teve essa
dificuldade, porque mantemos estoque como estratégia pra atender
momentos de atraso no envio do imunobiológico”, finaliza, acrescentando que o
único imunizante sem doses disponíveis no Estado é o da Covid aplicável em
crianças.
“Estamos aguardando o envio
da XBB (para menores de 12 anos) pelo Ministério há alguns dias. Mas conforme o
cenário epidemiológico, a Covid acomete mais grupos de idosos, com comorbidade.
Mas, de fato, vamos buscar logo regularizar.”
Estoque crítico
O Ministério da Saúde
publica mensalmente um informe sobre a distribuição de vacinas aos estados. No
boletim referente à rotina de vacinação de agosto, a Pasta lista desde os
imunizantes que foram atendidos 100% até os que não possuem estoque.
Entre as vacinas “atendidas
parcialmente”, ou seja, que “não foi possível atender completamente à demanda
prevista para o mês”, estão:
imunoglobulina anti-hepatite
b 100 ui;
imunoglobulina antirrábica
humana;
hepatite “A” (rotina
pediátrica);
dTpa adulto (gestante);
meningocócica ACWY;
dupla adulto (dT);
hepatite B;
hepatite A (Crie);
HPV;
tríplice viral;
meningocócica C.
De acordo com o MS, “isso
pode ter impacto nas atividades de imunização e requer uma gestão cuidadosa dos
recursos disponíveis para garantir que as necessidades sejam atendidas da
melhor forma possível, dadas as limitações de estoque”.
Outras 5 vacinas estão
com “estoque crítico” devido a “fatores não previsíveis, como atrasos nas
entregas por parte dos fornecedores e dificuldade de aquisição”. São elas:
varicela;
DTP;
febre amarela;
DTPa acelular (Crie);
antirrábica humana (Vero).
Já a vacina DTPa (Crie) deve
ser substituída temporariamente pela vacina hexavalente
(DTPa/Hib/HB/VIP), sob recomendação do Departamento do Programa Nacional de
Imunizações (DPNI). “O estoque está restrito devido à dificuldade de produção
mundial, impactando diretamente na aquisição por não serem encontrados”, justifica
o MS.
A reportagem contatou o
Ministério da Saúde para obter um posicionamento do órgão sobre o assunto. Em
nota, o MS informou que "mantém envios regulares de vacinas aos estados,
que são responsáveis por abastecer os municípios".
A Pasta acrescentou que
"não há falta generalizada de vacinas no Brasil" e que o levantamento
da CNM traz questões pontuais para as quais o Ministério da Saúde adota
estratégias para manter a vacinação em dia e a proteção da população.
Foram distribuídas 65,9
milhões de doses das dez principais vacinas citadas pelo levantamento,
incluindo a de Covid-19, com 22,9 milhões de doses aplicadas até o momento.
Sobre a vacina contra Varicela, no final de 2023, foram compradas 2,7 milhões
de doses via Fundo Rotatório da OPAS/OMS, com 150 mil previstas para serem
entregues até setembro. A aquisição regular para 2024 está em andamento.
Ministério da Saúde
Nota
O Ministério disse que a
entrega para Covid-19 "segue a capacidade de armazenamento da rede de frio
estadual, uma vez que essa vacina exige armazenamento em baixíssima
temperatura". Acrescentou estar finalizando pregão para a compra da vacina
mais atualizada XBB.
Por fim, em relação à vacina
contra Meningo C, o MS destaca que a orientação é a "substituição pela
Meningo ACWY, de mesma eficácia, mantendo a população protegida".
Leia nota na íntegra do
Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde mantém
envios regulares de vacinas aos estados, que são responsáveis por abastecer os
municípios. Não há falta generalizada de vacinas no Brasil, o levantamento
da CNM traz questões pontuais para as quais o Ministério da Saúde adota
estratégias para manter a vacinação em dia e a proteção da população. Essas
ações são realizadas em diálogo constante com o Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde (Conasems).
Foram distribuídas 65,9 milhões de doses das dez principais vacinas citadas
pelo levantamento, incluindo a de Covid-19, com 22,9 milhões de doses aplicadas
até o momento.
Sobre a vacina contra Varicela, no final de 2023, foram compradas 2,7 milhões
de doses via Fundo Rotatório da OPAS/OMS, com 150 mil previstas para serem
entregues até setembro. A aquisição regular para 2024 está em
andamento. Para Covid-19, a entrega semanal segue a capacidade de
armazenamento da rede de frio estadual, uma vez que essa vacina exige armazenamento
em baixíssima temperatura. O Ministério da Saúde está finalizando pregão para a
compra da vacina mais atualizada XBB.
Em relação à oferta da vacina contra Meningo C, nas regiões que registrarem
falta, a orientação do Ministério da Saúde é para substituição pela Meningo
ACWY, de mesma eficácia, mantendo a população protegida.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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