O
Hospital Geral de Fortaleza (HGF) inaugurou, nesta terça-feira (26), um espaço
dedicado à enfermeira Clarissa Costa Gomes — morta em julho, na Capital, vítima de feminicídio. Com equipe multidisciplinar, incluindo
psicólogos, enfermeiros, médicos e assistentes sociais, a sala servirá para
acolher mulheres que sofrem violência doméstica.
"É
impossível descrever a dor que nos acompanha desde o dia em que perdemos a
Clarissa. Uma dor que dilacera, que não deveria existir em nenhuma família. Não
há palavras que confortem, mas existe a esperança de que sua história
inspire proteção e cuidado para outras vidas",
agradeceu a família da enfermeira no perfil "Justiça por Clarissa",
no Instagram.
Na
nota, os parentes ressaltaram que o trabalho e a essência de Clarissa
"deixaram marcas" tanto nos colegas de profissão do HGF como em todos
os outros que tiveram a chance de conhecê-la. "Que esta sala seja um
símbolo de resistência, de empatia e de amor à vida, tudo aquilo que ela
representava", encerrou o texto.
Em
entrevista ao Diário do Nordeste, o diretor técnico do HGF, Khalil
Feitosa, comentou que o espaço foi construído para "acolher de maneira
segura e adequada" não só as mulheres vítimas da violência como, também,
os filhos pequenos que geralmente as acompanham na unidade. "A gente tem
um fluxo de acolhimento que pode ser iniciado em qualquer uma das nossas portas
de entrada: ambulatorial, de emergência obstétrica ou de emergência
geral".
Como
funcionará a sala Clarissa Costa Gomes?
A
sala que leva o nome da enfermeira Clarissa Costa Gomes está localizada na
emergência obstétrica do hospital e atende às diretrizes que orientam sobre a
criação de espaços do tipo no Sistema Único de Saúde (SUS). Há ambientes
específicos para acolhimento individual, realização de exames e procedimentos
emergenciais.
"Esse espaço será sempre lembrado como lugar de fortalecimento, onde
mulheres serão acolhidas, ouvidas e respeitadas. Clarissa dedicou sua vida à
enfermagem e ficará marcada na história do HGF como símbolo de dedicação e
respeito às mulheres", homenageou a secretária estadual da Saúde, Tânia
Mara Coelho.
De
acordo com Khalil Feitosa, os profissionais que atuam na sala estão sendo
capacitados para identificar situações de violência e orientar e
acolher as vítimas. "Estamos treinando nossos profissionais em escuta
qualificada para identificar os pequenos sinais possíveis de se observar e
incluir a paciente nesse fluxo de cuidado", afirmou. O trabalho, segundo
ele, é apoiado pelo Ministério Público do Estado (MPCE), pela Secretaria das
Mulheres e pela Secretaria da Saúde.
O
que aconteceu com a Clarissa, uma enfermeira do nosso corpo, tocou muito todos
nós que fazemos o HGF. Isso, sem dúvida, vira uma força motriz para a nossa
equipe cada vez mais identificar precocemente situações de violência dentro
da nossa própria instituição ou nas pessoas que nos procuram [para atendimento
médico]".
Khalil
Feitosa
Diretor
técnico do Hospital Geral de Fortaleza
Lembre
o caso
Clarissa
Costa Gomes foi morta a facadas na noite do último 9 de julho, no bairro Jardim
Cearense, em Fortaleza. Ela tinha 31 anos e trabalhava como enfermeira no HGF.
O crime foi cometido pelo ex-namorado dela, o gestor ambiental Matheus Anthony Lima Martins Queiroz, 26. Ele foi preso em
flagrante na Maraponga minutos após o crime.
À
época, o Diário do Nordeste apurou que o assassinato teria sido
motivado pela não aceitação, por parte do homem, do fim do relacionamento.
O
caso chocou familiares de Clarissa, que não tinham conhecimento de agressões ou
ameaças sofridas pela vítima nos quase dois anos em que ela esteve com o
assassino. "Ele não bebia, nem fumava. Isso, de certa forma, a gente acha
que é até uma qualidade. Mas, como eu sempre digo: antes um bêbado sem fazer
nada [criminoso] do que um bonzinho, mas, por trás, uma mente perversa",
desabafou à reportagem o pai da vítima, Luciano Gomes, à época.
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